Cento e seis milhões de dólares norte-americanos (USD) serão investidos pelo Sistema das Nações Unidas em Angola, em projectos sociais e económicos, até 2021.
A organização estima investir aproximadamente 53 milhões de USD/ano, segundo o coordenador residente cessante da ONU no país, Paolo Balladelli.
Conforme o oficial das Nações Unidas, que falava esta terça-feira, 21, à Televisão Pública de Angola (TPA), trata-se de uma quota “pequena”, mas importante para ajudar a resolver os desafios do desenvolvimento do país.
Balladelli, que está em final de mandato, depois de nove anos e três meses à frente dos destinos do Sistema da ONU em Angola, disse que o país precisa de biliões de USD para solucionar os grandes problemas, e a organização mundial vai continuar a apoiar.
Sem especificar os projectos a beneficiar, disse que os USD 106 milhões vão ajudar a implementar programas do Governo, das academias e da sociedade civil.
Noutro domínio, Paolo Balladelli disse que as agências da ONU estão a promover várias iniciativas para apoiar as autoridades angolanas, no domínio social e económico, com destaque para projectos de suporte ao programa de combate e prevenção da COVID-19.
A esse respeito, disse que estão a apoiar o país no acesso aos materiais de testagem, sublinhando que não são a favor de testes rápidos sem “sensibilidade elevada”, capazes de diagnosticar, a 80 ou 90 por cento, pacientes com casos positivos ou negativos.
Sugeriu ao Governo a criação de parcerias fortes com os órgãos da ONU e com a sociedade civil, tendo em vista o rápido estancamento da proliferação da COVID-19.
Para si, é fundamental que o Estado angolano aumente, rapidamente, a disponibilidade de água potável para a população, sobretudo nas áreas mais carentes, em Luanda e fora da capital.
Entretanto, elogiou as medidas do Governo angolano para prevenção e combate à pandemia, particularmente a adopção atempada do Estado de Emergência, que permitiu adiar a propagação do novo coronavírus e preparação condições materiais para a fase mais crítica.
De igual modo, saudou o país pela implementação da obrigatoriedade do uso de máscaras, considerando ser uma medida fundamental para o combate à COVID-19.
No entanto, adiantou que falta mais trabalho na sensibilização da juventude, aconselhando o Governo a ser criativo e inovador para levar os jovens a acatarem as orientações das autoridades sanitárias.
Paolo Balladelli anunciou, a propósito, que as agências da ONU contam mobilizar USD 36 milhões para apoiar Angola nesse combate, durante os próximos 18 meses.
Para esse ano, precisou, já estão angariados USD cinco milhões, para dar respostas imediatas às necessidades de combate à pandemia, devendo os outros USD 31 milhões ser angariados através das agências da ONU em Nova Iorque e parceiros bilaterais.
Durante a entrevista, disse que, ainda no domínio social, têm apoiado o programa de Transferências Sociais Monetárias, em curso no país, com recursos da União Europeia.
Quanto ao sector económico, destacou o lançamento, esse ano, do Plano de Aceleração para a Agricultura e a Pesca, que vai beneficiar três milhões de famílias angolanas.
Falou também da necessidade de Angola trabalhar na melhoria do acesso aos serviços de saúde, evitando as grandes endemias, como malária, VIH, tuberculose e outras doenças crónicas, como diabetes, áreas em que diz haver “forte investimento” da ONU.
Conforme Paolo Balladelli, as agências da ONU têm investido igualmente na agricultura, sublinhando, por outro lado, que Angola tem grandes desafios quanto à profissionalização dos jovens, ao combate à violência doméstica e ao empoderamento da mulher.
Do seu ponto de vista, outro desafio premente do país tem a ver com a coesão social, que passa pela melhoria da eficiência e transparência nas actividades do Estado.
Do seu ponto de vista, Angola pode ser um motor económico de África, pelo que a sua liderança política é fundamental para o continente.
Dados pessoais
Paolo Balladelli, de nacionalidade italiana, é Doutorado em Medicina, com o grau de Especialista em Saúde Pública pela Universidade de Bolonha, Itália. É candidato ao doutoramento em Ciências Políticas, na Universidade Católica da Argentina.
Desde 2011, ocupa o cargo de Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas em Angola. Anteriormente a esta missão, foi Representante da OMS na Argentina, Guatemala, Colômbia e Croácia. Foi coordenador Regional das acções da OMS face à emergência para a crise da Síria, residindo na Jordânia, tendo trabalhado também no escritório de emergência da OMS-Genebra.
Anteriormente, trabalhou com o Ministério das Relações Exteriores de Itália, com sede no Uganda, como Coordenador para a região dos Grandes Lagos (África). Entre 1984 e 2000, coordenou programas de desenvolvimento no Equador e na Bolívia.